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Quando a alma pede silêncio: a depressão como um convite à interiorização

  • Foto do escritor: Thálita Borges
    Thálita Borges
  • 6 de ago.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de ago.

Vivemos em um mundo que valoriza a produtividade constante, a positividade ininterrupta e a pressa como estilo de vida. Em meio a esse ritmo acelerado, quando a tristeza se instala, a energia diminui e a vontade de "dar conta de tudo" desaparece, logo surge o rótulo: depressão. Mas, sob a perspectiva da psicologia junguiana, será que a depressão é apenas um transtorno a ser combatido?


E se a depressão for, na verdade, um chamado da alma? Um convite profundo à pausa, ao silêncio e à reconexão com o que foi deixado de lado? Neste artigo, vamos refletir sobre a depressão como um processo simbólico de interiorização, uma travessia que, embora dolorosa, pode revelar novos caminhos de sentido e autenticidade.

Retrato mulher preto e branco
Retrato mulher branco e preto


O que é a depressão na visão junguiana?


Para a psicologia analítica (ou junguiana), os sintomas psicológicos não são meramente disfunções a serem suprimidas — eles carregam mensagens. Jung nos convida a olhar para a depressão como um sinal de que algo dentro de nós precisa ser ouvido.


Quando entramos em depressão, muitas vezes perdemos o interesse pelo mundo externo, pela vida como ela era. Essa retirada de energia do cotidiano é compreendida, simbolicamente, como um movimento de introversão, no qual a psique nos leva para dentro, como quem diz: “pare tudo, algo importante está sendo gestado”.


Não é raro que a depressão surja em momentos de crise ou ruptura: uma perda, uma mudança, um ciclo que se encerra. Mas o que mais dói, muitas vezes, é não entender o motivo do sofrimento. Nesses momentos, é comum surgirem perguntas como:


  • Por que não consigo mais me sentir como antes?

  • O que há de errado comigo?

  • Será que isso vai passar?


A abordagem junguiana não tenta responder com fórmulas prontas. Em vez disso, oferece um espaço de escuta simbólica, onde essas perguntas podem ser exploradas com profundidade e respeito, ajudando a construir um novo significado para o que está sendo vivido.


A depressão como travessia simbólica


Jung comparava os momentos depressivos à noite escura da alma, uma jornada necessária para que o Self — o centro da psique — possa se manifestar de forma mais autêntica. Assim como os mitos e contos mostram heróis que descem ao submundo para depois renascerem transformados, também nós, em tempos de depressão, somos convidados a olhar para nossas sombras, nossas dores e tudo aquilo que evitamos sentir.


Isso não significa romantizar o sofrimento, mas reconhecer seu potencial transformador. Em vez de perguntar “como saio disso o mais rápido possível?”, podemos nos perguntar:“O que essa tristeza profunda está tentando me dizer?”


Exemplos práticos desse movimento interior:

  • Uma pessoa que sempre viveu para agradar os outros e, em depressão, começa a questionar quem é, de fato.

  • Alguém que sempre se viu como “forte” e “produtivo”, e que se vê forçado a descansar, a dizer não, a pedir ajuda — algo nunca antes permitido.

  • Uma fase em que os sonhos ganham força, trazendo imagens e símbolos que revelam conteúdos esquecidos do inconsciente.


Na psicoterapia junguiana, esses sinais não são ignorados. Eles são escutados com profundidade, trabalhados simbolicamente e compreendidos dentro do processo de individuação — o caminho que cada um percorre em direção a uma vida mais integrada e verdadeira.


Em busca de luz

Se você está vivendo um período de tristeza profunda, cansaço existencial ou desconexão com a vida, saiba que você não está só — e que seu sofrimento tem sentido. A depressão, por mais difícil que seja, pode ser um convite para reencontrar a si mesmo(a), olhar para dentro e iniciar um novo diálogo com sua alma.


Aqui vão algumas sugestões práticas para iniciar esse movimento de escuta interior:

  1. Permita-se pausar, mesmo que o mundo diga o contrário. O silêncio também é fértil.

  2. Escreva ou desenhe o que sente, sem julgamentos. Dar forma ao que vive em você pode ser libertador.

  3. Preste atenção nos seus sonhos. Eles costumam trazer pistas valiosas em momentos de crise.

  4. Busque apoio terapêutico. A jornada interna pode ser solitária, mas não precisa ser feita sozinha.


Está pronto(a) para iniciar essa escuta mais profunda de si?

Se esse conteúdo ressoou com o que você está vivendo, eu te convido a agendar uma conversa inicial. A psicoterapia pode ser um espaço seguro para acolher sua dor e, pouco a pouco, transformá-la em caminho.


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